Com tecnologia, bom desempenho e amplo porta-malas, ele quer ser o mais vendido da turma.
Sedãs já foram conhecidos como carros de três volumes. Um para o motor, outro para as pessoas e o último para a bagagem. Todos bem-definidos e claramente identificados. Também já foram sinônimos de estilo austero, pragmático, sem compromisso com desempenho. Tudo isso não faz muito tempo. Mas felizmente as coisas estão mudando. Austeridade? Terceiro volume definido? Desempenho contido? Nada disso combina com o Audi A3 Sedan, que chegou às lojas em janeiro por 116 400 reais, dono de um vigoroso motor turbo 1.8 TFSI de 180 cv. Esta é a primeira vez que o A3, lançado em 1996, ganha carroceria sedã. Mas a Audi está apostando na novidade: ela estima que irá representar de 60% a 70% das vendas totais da família A3 no Brasil e no mundo. Inicialmente importado da Hungria, em 2015 o modelo começa a ser produzido no país. Antes de falar da potência ou de conforto, vamos começar de trás para diante: o porta-malas, que é a grande novidade do modelo. Visto de lado ou por trás, pode-se dizer que o tal "terceiro volume" é contido. O modelo segue a cartilha dos sedãs modernos, com traseira curta e teto curvo, conferindo visual de cupê. Se o disfarce roubou espaço do porta-malas? A resposta é não. São 425 litros de capacidade, 45 a mais que no A3 Sportback e 60 a mais que no modelo de três portas. Ainda como comparação, é um pouco menor que o bagageiro do Honda Civic, por exemplo (449 litros), mas acomoda bem a bagagem da família. As malas são bem-tratadas e dispõem de compartimento revestido. A tampa usa braços de sustentação, do tipo arco. É um mecanismo convencional, mas ao menos não há risco de contato com a carga, já que eles ficam embutidos nas laterais. Passa longe do A3 Sedan qualquer analogia com carro de tiozão, uma pecha que costuma acompanhar os três-volumes. A traseira curta termina com um discreto aerofólio estampado na própria tampa. O porta-malas fala o mesmo idioma do restante da carroceria e a conversa é cordial, mostrando que não houve improviso no design.As lanternas horizontais (de leds) transmitem arrojo. A lateral é formada por vincos e curvas, que também passam ideia de modernidade. E como anda o futuro Audi nacional? Muito bem. Equipado com motor de 180 cv e câmbio S-Tronic, de dupla embreagem e sete marchas, cravou 0 a 100 km/h em 8 segundos. Com o pé embaixo, o sistema troca marchas com o ponteiro do conta-giros já dentro da faixa vermelha (acima de 6 000 rpm), e acompanhado de um ronquinho bravo, de motor saudável. As trocas são bem rápidas. O torque de 25,5 mkgf está disponível entre 1 250 e 5 000 rpm. Isso significa que, pouco acima da marcha lenta, já está com força plena. A partir de 5100 rpm e até o limite de giro (6200 rpm), é a vez de a potência máxima se manifestar. A Audi diz que o sedã chega a 235 km/h. E até nisso o formato de sedã ajuda, porque o terceiro volume colabora para melhorar a aerodinâmica (Cx 0,29). Nesta primeira fase, o A3 Sedan virá apenas com motor 1.8 e câmbio S-Tronic. Uma das peculiaridades dessa motorização é a alimentação tanto por injeção direta como indireta. São oito bicos injetores, sendo quatro na câmara de combustão (sistema direto) e quatro no coletor (indireto). Em cargas parciais (médias rotações com velocidade de cruzeiro, por exemplo), o motor funciona com a injeção indireta. Segundo a Audi, nesse caso a emissão é até menor do que na injeção direta. Também com o mesmo objetivo, o carro vem de série com start-stop, que desliga o motor em paradas. O resultado disso é uma tocada bem esportiva, mas com economia. Obtivemos média de 10,5 km/l de gasolina na cidade e 13,9 km/l na estrada. Por dentro, chama atenção o bom acabamento, que está só um pouquinho abaixo do de BMW e Mercedes. O painel tem desenho simples e linhas suaves. O destaque são as saídas de ar que lembram turbinas de avião.Ao alcance dos dedos está o controle Audi Drive Select, que permite ajustar o temperamento do carro a uma condução voltada para o conforto, economia ou esportiva. Em termos de equipamentos, praticamente tudo é de série, incluindo bancos de couro sintético com ajustes elétricos no do motorista, tela retrátil no painel, ar-condicionado digital, teto solar, xenônio e airbags frontais, laterais e de joelhos. Como opcionais, estão somente GPS (com imagens do Google Earth e Street View, além de exibição 3D) e pintura metálica. Então, temos um carro belo, rápido, bem-equipado, confortável e bom de dirigir. Não há falhas? Sim, pelo menos uma. Apesar de ter o mesmo entre-eixos do Sportback (2,64 metros), o espaço atrás pode ser um problema para quem tem mais de 1,75 metro. Além disso, o túnel central é alto e atrapalha o quinto ocupante. Também falta câmera de ré e sensores de estacionamento. Afora isso, o sedã de 4,46 metros de comprimento tende a agradar, até no preço, pois esses 116 400 reais não estão muito além do que se cobra na Europa. Lá, o 1.8 começa em 29 600 euros, cerca de 95 000 reais. A Audi não fala sobre a chegada do motor 1.4, mas deve vir no decorrer de 2014.
DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO Eis aí um trio afinado. O sistema eletromecânico está bem calibrado e a direção é precisa. Freios e suspensão cumprem suas atribuições sem sustos.
MOTOR E CÂMBIO O motor turbo combina injeção direta e indireta, e a embreagem dupla não perde tempo nas trocas. É um dos melhores conjuntos da atualidade.
CARROCERIA Combina aços de alta resistência onde é preciso ser forte, aço mais "mole" onde se requer amortecimento de impactos (caso do porta-malas) e alumínio onde se busca leveza (capô).
VIDA A BORDO Ótima nos bancos da frente e melhor ainda no da esquerda. O prazer ao volante é o ponto alto. O carro é bem-equipado, mas atrás o espaço é limitado.
SEGURANÇA Airbags frontais, laterais e de joelho compõem um pacote que conta até com um sistema que freia o carro após a colisão, para não agravar os danos do acidente.
SEU BOLSO Custa cerca de 8 000 reais a menos que o Sportback 1.8 (124 300 reais), é novidade e ainda tem maior capacidade de carga.
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